segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O Porão Intangível / A Casa de Desejos.


“Eu queria ter um porão”. – Foi o que ela me disse, certa vez. Isso, agora, “sas hora”, meche comigo, me provoca (assim como ela o faz).
Ah sim, seria muito útil, mesmo. Não só para esconder um crime, ocultando um cadáver.
Ter um porão me ajudaria a manter isolada a insanidade de uma mente sã.
Afastaria todos os males sedentos por devastação.
Manteria intacto o que se deve proteger (aquela singela fração do que chamamos de “bom”).
Guardaria toda angústia dum peito lotado de paixões malcriadas.
Imaculados, ficariam os pensamentos vagos de razão.
Cercearia verdades, de ouvidos que não a merecem.
Eternizaria o amor sincero que pulsa dentro de mim.
Suprimiria aquilo que foi expresso na forma de palavras, e só serviu pra dar um nó no coração, e nos pegar pela garganta (mas continuamos a respirar)...
Faria bom uso dele!
Seja o que for que o porão inexistente guarde, ele não teria tanta importância.
O que me rouba a atenção é a casa de sonhos que eu monto com meus desejos, acima do porão.

domingo, 11 de novembro de 2012

Errei, Erro e Errarei.


Fiz, faço, farei tudo errado.
Estou completamente derrotado.

Completamente conformado!

Poderia ter feito melhor, em todas as ocasiões.
Mas não, me contentei em errar.

Não é com pesar que regurgito essas palavras entaladas na minha garganta.

Sou fraco, e por isso culpo coisas, e pessoas, injustamente.
Quando na verdade, deveria erguer a cabeça, bater no peito, e aguentar as consequências.
Brindar meu erro!

Mas não... Amedronto-me, escondo-me.

Com o conformismo mais deslavado, e envergonhado, confesso-lhes: Errei, erro e errarei.

14/01/2008

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Sorry, Moon!

É uma daquelas noites de verão que o calor tira muita gente suada da cama. A lua brilha sozinha num céu sem nuvens, aquele brilho pálido e fantasmagórico característico dela, e lá fora só o som dos cachorros, latindo desconfiados de seus quintais sombrios.
Sento em minha cama, com o ventilador ligado, sem camisa, e com a janela aberta, e lá fico, encarando a lua, sabendo que com esse calor será difícil pegar no sono. No momento em que a encarei, meus olhos marejaram, meu semblante ficou triste, pesado. Me arrebata só de vê-la, Lua.
Não deveria apreciar sua beleza. Não sou digno, sei que não sou. É quase como se fosse errado o fazer.
Afinal, a lua é para casais apaixonados, e sonhadores (não que tenha muita diferença entre eles, mas enfim...).
Eu? Ah, eu sei lá. Só peço desculpas pela ousadia de lhe fitar, moça.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

(In) Util.

Pudera eu dormir, ir embora para sempre, me desmantelar.
Desejos sem qualquer fundamento.
Sou obrigado a sustentar o organismo vivo, que trabalha incansavelmente por sua destruição, dia após dia, até findar-se.
Fora o fardo da vida, ainda é necessário aguentar o peso da existência, e outras coisas assombrosas como as relações entre outros seres malditos semelhantes. O pesadelo chamado por "social", ou algo assim...
Carne, sangue, ossos. Esse aglomerado de escrotice envolta pelo véu da fantasia que é existir. Penso, logo existo! Mas que grande merda, isso sim.