Certa vez escrevi uma frase no final de um texto, que era um
anseio sincero, aquele desejo simples e urgente, que te acomete sem esforço,
sem muito pensar... A frase era: “Ê caralho, eu quero amor!”.
Vislumbro esse desejo vez ou outra, nos acasos da vida.
Um exemplo: Os olhos vermelhos, saltados, brilhantes (que
brilho encantador tinha aqueles olhos!), tristes, molhados, sendo enxugados.
Olhos de uma menina magra, com aparência de ser bem nova, sendo acalmada por
sua mãe. As vi na rodoviária, e ela provavelmente estava chorando pela partida
de alguém. É inerente o amor que aqueles olhos estavam vazando! Por aqueles
olhos que eu queria estar chorando.
Outro exemplo: A moça de vestido florido, de tecido leve,
sandálias finas (tão finas, que dava a impressão de estar descalça), maquiagem?
nem pensar!, andando calma pela rua, como se não quisesse nunca chegar. A
impressão que dava, era que ela tinha saído de alguma canção calma (de reggae,
bossa nova, ou qualquer dessas coisas que dê sono demais... que seja). Essa
moça amava, ou era o amor, evidentemente.
Enfim, o amor se mostra pra mim de formas diversas, formas
travessas, formas peraltas, que me provocam. E eu, como o caipira na beira do
lago, com aquele capim na boca, o chapéu tapando o sol, o observo
pacientemente.